Não custa já ir fazendo os planos, enquanto aguarda a pandemia ir embora e quando você aqui chegar vai ser uma festa
Andar pelo Centro Histórico, entre a Praça da Sé e o Pelourinho, é também um roteiro religioso para católicos, espíritas e adeptos das religiões de matrizes africanas. Patrimônio Mundial Histórico e Arquitetônico tombado pela Unesco, desde a década de 80 do século passado, o Pelourinho abriga seis igrejas seculares, a sede histórica da Federação espírita do Estado da Bahia e entidades ligadas às religiões africanas, como afoxés e blocos afros, além da Sociedade Protetora dos Desvalidos, entidade surgida na época da escravidão.
Além desses monumentos, que fazem parte do roteiro quase que obrigatório dos turistas que costumam transitar entre o Elevador Lacerda e a Ladeira do Carmo, a região vai ganhar mais num monumento, que embora não sendo uma igreja ou templo religioso, será uma espécie de museu, com peças de exposição que traçam uma trajetória da Igreja Católica na Bahia e, conseqüentemente no Brasil: o Palácio Arquiepiscopal, ou simplesmente Palácio da Sé.
Com o novo equipamento, baianos e turistas vão poder conhecer uma das vertentes religiosas na Bahia, a Igreja Católica. O Palácio da Sé vai abrigar o Centro de Referência da Igreja Católica do Brasil, que funcionará como um memorial. São três pavimentos e um porão, que servirão também como espaços de cultura e meditação, onde serão abrigadas exposições e acervos da Igreja Católica.
O Palácio Arquiepiscopal foi construído na primeira metade do século XVII. O local foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938.O próprio edifício também é parte da exposição de longa duração. Para preservar as estruturas básicas do bem, o espaço será utilizada sem novas divisórias ou paredes internas.
O Palácio Arquiepiscopal está pronto, e até o final do ano, o Centro de Referência da Igreja Católica do Brasil também deverá ser concluído e entregue ao público. O Palácio da Sé extrapola a questão religiosa, pois é referência na história da formação da cidade e todo patrimônio de Salvador. Independentemente da religião, v se torna um ponto de visitação de quem não apenas quer conhecer a arquitetura colonial da Bahia e de Salvador, mas também a sua própria história e a história religiosa do Brasil.
Estrutura – O térreo do centro, além do espaço receptivo, será ocupado com o Laboratório de Conservação e Restauração Reitor Eugênio Veiga (LEV), que contará com um espaço dedicado à pesquisa. O laboratório, que atualmente se encontra na Universidade Católica de Salvador, tem como missão restaurar, preservar, pesquisar e difundir o acervo documental da Igreja Católica. Com a mudança de endereço, o acervo se tornará mais acessível, possibilitando que mais interessados na temática possam mergulhar na história da igreja.
O segundo andar do edifício será destinado à exposição de longa duração “A Igreja e a formação do Brasil“, composta por elementos próprios e de bens históricos remanescentes de outros edifícios religiosos, como a antiga Catedral da Sé. A exposição tem como premissa revelar e acentuar distintas perspectivas do processo de formação da sociedade, que se confunde com a história da Igreja Católica na América. Cada ambiente apresenta um pilar que sustenta a história do pensamento e da cultura católica no Brasil: a terra nova, a criação do bispado, cultura, devoção, ofícios e os tesouros a Sé.
Outro pavimento abrigará o centro administrativo da igreja, onde também serão realizados eventos religiosos e exposições temporárias. A proposta é que esse pavimento também seja aberto à visitação do público, possibilitando acesso ao mobiliário histórico, que inclui o arcaz da antiga Sé, a galeria dos bispos e arcebispos da Bahia e um espaço dedicado ao Arcebispo Sebastião Monteiro da Vide – arcebispo de Salvador à época da construção e responsável pelo primeiro documento que regulava a vida religiosa na colônia. A sala do Arcebispo e sua capela estarão ocasionalmente abertas à visitação.
Apesar das salas expositivas possuírem certa autonomia de conteúdo em relação ao todo, a exposição possui um percurso definido, tecendo as narrativas sustentadas por acontecimentos de ordem cronológica e simbólica. O trajeto será acompanhado por um monitor devidamente treinado, responsável pelo auxílio e mediação desse conteúdo, ampliando o diálogo das questões suscitadas ao longo do percurso. Além das legendas e das fichas técnicas tradicionais do acervo, parte do mobiliário e dos objetos vão conter uma breve contextualização histórica e estética, agregando outras camadas de sentido ao acervo.